terça-feira, 8 de julho de 2014

EMISSÁRIO DO COMPERJ: PETROBRAS CONTINUA ENTUBANDO (E EMBROMANDO) A POPULAÇÃO

Encontro de técnicos da Petrobras com representantes da população de Maricá e ambientalistas sobre o emissário terrestre/submarino do Comperj, ocorrido no último dia 3, demonstra a continuidade de uma espécie de lógica cínica dos responsáveis por  este empreendimento em sua apresentação ao cidadão

Assim, segundo tais técnicos, o emissário é um duto que vai transportar "água com 95% de pureza" e que não oferecerá risco de grandes vazamentos. Os acidentes que eventualmente venham a acontecer, no entanto, prosseguem aqueles, não contaminarão o lençol freático – a despeito do plano de contingência existir mas não estar aparelhado e sequer aprovado para lidar com esses vazamentos.

Ou seja, mais papo furado da Petrobras sobre o emissário que poluirá ainda mais o litoral de Maricá e arredores!

Essas informações conflitam de forma gritante com as levantadas e fundamentadas pelo Grupo de Trabalho Duto do Comperj (GTDC), do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca, durante o ano de 2011, como relembramos abaixo:

- a "água" que será descartada pelo emissário, segundo seu EIA/RIMA, será constituída por substâncias altamente tóxicas, cumulativas e conservativas, como cianetos, furanos, fenóis, graxas e óleos. A quantidade e a exata proporção das mesmas é incerta, ao contrário da certeza da contaminação dos organismos marinhos que habitam ou passam pelo entorno das Ilhas Maricás;

- a metodologia usada para mensurar os impactos dos efluentes no meio marinho, foi apontada pelo GTDC e outros coletivos de ambientalistas, como falha, insuficiente e inconclusa;

- um técnico do licenciamento do Inea, em reunião com o GTDC, afirmou que "toda a tabela periódica será despejada pelo emissário no litoral de Maricá", mesmo com o tratamento que a Petrobras fará dos efluentes;

- vazamentos são eventos considerados certos de acontecer ao longo da existência de um duto. E quando acontecerem, no caso específico, poderão não apenas contaminar o lençol freático, mas também córregos, o sistema lagunar e a própria biota (comunidade de seres vivos) da área afetada, ao contrário do que afirmam os técnicos.

Por fim, nunca é demais lembrar que o licenciamento do emissário terrestre/submarino do Comperj se mostrou escandalosamente ilegal desde a sua origem, pelo fato de seu EIA/RIMA não ter atendido à alínea "I" do Artigo 5º da Resolução Conama 001/86, na obrigação de "contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto...".

Explicitando mais, os autores do EIA/RIMA omitiram deste documento básico ao licenciamento uma tecnologia menos impactante e de domínio da própria Petrobras (na Refinaria Capuava – RECAP -, São Paulo): o descarte zero de efluentes (conforme comprova página eletrônica da própria Petrobras, disponível em: http://www.hotsitespetrobras.com.br/rao2008/i18n/pt/balanco-social-e-ambiental/meio-ambiente/estudo-de-caso.aspx). E se restringiram a apresentar apenas três alternativas no mesmo documento – todas mais impactantes que aquela e que teriam como destino final o meio marinho (duas na Baía de Guanabara e a ora adotada pela Petrobras, no litoral de Maricá).

Inacreditável, não?!

É por essas e outras que o posicionamento deste blogueiro é o de não mais querer papo com esse pessoal da Petrobras, mas apenas com o Ministério Público. A esperança é que a justiça prevaleça e a opção menos impactante seja adotada, apesar das pressões políticas contrárias e das manipulações de informação. 

Leia abaixo a íntegra da matéria de O Barão de Inohan sobre o encontro do dia 3, o qual não participamos pelo motivo acima explicado.

Cássio Garcez


PETROBRÁS GARANTE QUE EMISSÁRIO DO COMPERJ NÃO TRARÁ PROBLEMAS

Aconteceu na tarde da quinta 03 de julho o segundo encontro do CCS (Conselho Comunitário de Segurança) com técnicos da Petrobrás. O primeiro encontro aconteceu em junho também no CCS onde a Petrobrás enviou apenas a representante do setor de Diálogo Social do Comperj ligada a Gerencia de Comunicação e Desenvolvimento Regional - Luciana Antunes -, para anotar as demandas e acertar a vinda de técnicos para que pudessem responder aos vários questionamento que não foram respondidos na audiência pública de maio.

Na reunião do dia 03, um aparato de vários representantes da Petrobrás estiveram presentes para responder as 124 perguntas selecionadas segundo informou a presidente do CCS - Carla Elpydio.

Abrindo a apresentação Luiz Redondo (Eng. de Obras do Emissário) apresentou o projeto através de vídeo ilustrativo mostrando o traçado, explicando como seriam colocados os dutos tanto na parte terrestre quando na parte marítima. Várias perguntas foram respondidas sem no entanto convencer a maioria dos presentes.

Continuando a apresentação, Fábio Amaral (Eng. Responsável da Área de Licenciamentos dos Estudo Ambientais) conduziu o restante dos trabalhos, por estar em mais sintonia com as perguntas alí colocadas.

Alguns embates aconteceram com Flávia Lanari (Presidente da Apalma) que em nome da população questionava a apresentação do novo projeto onde na parte marítima foram incluídos mais dois quilômetros de duto, deixando toda a vazão dos dutos muito próximo às Ilhas Maricá. Na verdade, a solicitação é que estes dutos ultrapassem em dois quilômetros as Ilhas Maricá, grande berçário de vida marinha na região.

Também se fez ouvir o engenheiro Rafael Lepori da área de Processamento Químico explicando o que realmente será despejado e garantindo que a água despejada terá 95% de pureza.

Os maiores questionamentos foram feitos pelos moradores de Cassorotiba e Santa Paula, local que será cortado pelo emissário. Conhecido como local de solo bastante instável e por ter a presença incomoda da Pedreira do SPAR, os moradores queriam saber sobre possíveis vazamentos e até mesmo rompimento da tubulação que passa pelo local.

Foi explicado que a tubulação (com diâmetro de 80 cm e parede de quase 10 cm de espessura) será enterrada a dois metros de profundidade e sobre ela, cerca de 1,1m de terra garantiram sua segurança.

A tubulação será colocada sobre uma espécie de dormente e em alguns locais haverá uma jaqueta protetora de concreto garantindo mais estabilidade.

Nos locais de maior esforço - passagem sob rodovias e rios - uma máquina tipo tatuzão fará os furos e conduzirá a tubulação por locais com profundidades maiores do que as normalmente utilizadas no maior projeto.

PLANO DE CONTINGENCIA EXISTE MAS NÃO FOI APRESENTADO

Questionado pela secretária do CCS - Anna Maria Quintanilha - sobre o plano de contingência caso haja um problema de vazamento, Fábio Amaral explicou que existe sim o plano de contingência mas que o mesmo ainda não foi apresentado pois depende de aprovação do INEA. Nenhum órgão de segurança do estado tem conhecimento deste plano, mas segundo Flávio, a condição de algum vazamento de grande porte é descartada e explicou:

- Esse duto transportará apenas água. Não estamos falando de um oleoduto e o um gasoduto que transporta elementos perigosos e explosivos.

Independente de não transportar produtos explosivos, um vazamento não pode ser descartado, o que contaminaria o solo, mas ainda assim, garantiu Flávio Amaral que esse vazamento não afetaria o lençol freático em sua qualidade e que o vazamento seria identificado em no máximo 15 minutos após seu início, paralisando a operação do emissário. Mas ainda assim, haveria o produto que estaria no duto sendo transportado e garantiram que por maior que venha a ser vazamento este será mínimo e não afetará a qualidade do solo e da vida na região. Assim esperamos.

Ainda segundo Anna Maria, as perguntas também serão enviadas ao INEA para que apresentem as alterações do projeto e que venham responder sobre as licenças ambientais dadas à Petrobrás sobre os locais do traçado.



Um comentário:

  1. Sou morador de Maricá mais precisamente na Av. B onde a obra está sendo realizada nesse momento e gostaria de registrar o total desrrespeito para com os morades da localidade..excesso de lam, falta de transporte para locomoção dos moradores, falta de informações a respeito da obra e o que será após a colocação dessa tubulação.a ausencia de representante do poder publico no caso a Prefeitura torna-se conflitante pela falta de informações repito à população cujo desconforto é constante.da forma que é cobrado os impostos pelo Municipio o mínio que estes moradores merecem é mais respeito.

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