terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Fotos do litoral de Maricá

Divulgamos abaixo, fotos tiradas durante visita do grupo Ecoando às Ilhas Maricás, no dia 14 de janeiro de 2012, mostrando um pouco das belezas e riquezas naturais deste verdadeiro paraíso, que a Petrobras quer transformar em latrina de porcarias petroquímicas tratadas e permitidas pela legislação.

Para quem quiser ver outras fotos e o relato desta visita, sugerimos a visita ao site http://www.ecoando.com, clicando em GALERIAS DE FOTOS e DIÁRIOS DE TRILHA.

Temos ou não temos que lutar com todas as forças para impedir despropósitos como estes?

(Todas as fotos são de autoria de Cássio Garcez. É permitida a reprodução das mesmas, desde que citados o crédito e a fonte)


Pescador chegando de sua faina nas Maricás (ao fundo e à esquerda).

Parte do resultado da pescaria de apenas um dos vários barcos da Rua 70, justamente o local onde a Petrobras planeja instalar a saída do duto. Segundo estudo da fundação Prozee, a participação da comunidade de pescadores da Rua 70 ocupa a segunda colocação na produtividade pesqueira de Maricá , com 16,3 % do total de pescado desembarcada, atrás apenas da lagunar Guaratiba, que detem 20,9%.

A comercialização do pescado diretamente com o consumidor.

Grupo de caminhada, compradores de peixe e as Maricás ao fundo.

A consistente movimentação socioeconômica proporcionada pela pesca, na Praia do Frances.

Travessia do canal, com "Leprinha" (cachorro de Manel) como proeiro.

Aproximação das ilhas.

A Ilha Maricá.

Prainha de desembarque. Notar as águas cristalinas e límpidas. Será que o tratamento e a alegação de que os efluentes do emissário estarão dentro da legislação serão o suficiente para manter a qualidade ambiental deste lugar?

Início da caminhada na Ilha Maricá, com o Alto Mourão se destacando ao fundo. Ao redor desse ponto culminante de Niterói, se encontra a área marinha do Parque Estadual da Serra da Tiririca, que será atingida segundo mapa do próprio EIA.

Fenda que quase divide a ilha em duas.

Algumas das espetaculares paisagens da Ilha Maricá. Ao fundo é possível ver o Pico do Cedro (elevação mais destacada à direita) e a Ponta Negra, outro local ameaçado pelo projeto de construção de um "monstroporto".

O exato local do litoral de Maricá onde se planeja descartar os efluentes do Comperj. Será que todas essas ameaças não passarão de um pesadelo, o qual iremos acordar a qualquer momento? Ah, que bom se fosse simples assim...

Vista da Prainha de Desembarque, do alto da Ilha Maricá.

Prainha da Fenda, no extremo nordeste da Ilha Maricá.

Limpidez e transparência características das águas das Maricás.

Grupo no exíguo trecho de areia da Prainha da Fenda.

Banho privilegiado nas limpas águas da Prainha da Fenda.

FATOS CONTEMPORÂNEOS DO EMISSÁRIO DO COMPERJ

Reproduzimos a seguir, na íntegra, artigo da coordenadora do Fórum Agenda 21 de Itaboraí, sobre a Audiência Pública do emissário do Comperj realizada naquele município em 25 de janeiro de 2012. Como era de se esperar, mais repúdio a obra tão desproposital e a um processo tão excludente como este.

Vai o artigo, abaixo.


No Brasil, temos a garantia de algumas palavras populares serem inseridas na norma gramatical vigente; prática ainda pouco vivenciada no diálogo dos grandes empreendimentos com a sociedade. E, como no dito popular: “quanto maior a altura, maior será o tombo”. E, se tratando de Comperj, quanto maior o empreendimento, maior será o impacto na região, sejam eles positivos ou negativos. E, pelo andar da ‘carruagem’ ou diria ainda da ‘carroça’, sem o planejamento necessário em Itaboraí, corremos o risco de cairmos do cavalo.

Era noite do dia 25 de janeiro de 2012, para alguns munícipes o ponto em discussão na Audiência Pública, em Itaboraí, era o Projeto do Emissário Terrestre e Submarino do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, uma tubulação, com um trecho em terra e outro no mar, a ser implantada para escoar (passar, fazer correr ou escorrer) efluente industrial tratado produzido no Comperj e descartá-lo em local, doravante ‘ambientalmente adequado’. Contextualizando, efluentes são geralmente, produtos líquidos ou gasosos, no caso em questão, produzidos por indústrias, que são lançados no meio ambiente. Com recomendações legais, de que sejam tratados, com um sistema de monitoramento confiável.

A população presente em tal ato, mal teve entendimento do que estava sendo apresentado bem ali, diante dos seus olhos. Muitos cidadãos e cidadãs compareceram, cansados de um dia de labuta, ou, no caso das donas de casa, que deixando seus afazeres adiantados, se fizeram presentes, buscando ouvir algo que de certa forma tivesse ligação com a sua rotina. E, como ouvinte, o ponto que foi entendido em unanimidade é de que haverá algum tubo ou canos levando alguma coisa para algum lugar.

Enquanto isso, no mesmo dia e mesmo horário, no município do Rio de Janeiro, um fato, aparentemente, sem elo com o debate da Audiência Pública em Itaboraí, assolava todo o país: prédios desabando no Centro da cidade metropolitana! No avançar das horas, contagem contra o tempo para resgatar pessoas com vida... Vida, vida... Vida!

Mais um pouco, as possíveis causas do caos: a declaração do CREA, de que estava tendo obras no terceiro e no nono andar do edifício Liberdade (até parece analogia à vida e à morte), localizado no Centro - RJ, com mais outros dois prédios. E, algumas horas adiante, a afirmação também do CREA, de que estas obras eram ilegais.

ILEGALIDADE: palavra em comum nos dois acontecimentos com semelhantes datas e horários, em municípios separados pela Baía de Guanabara. E, que o acaso, colocara separados nas linhas do tempo simbolicamente da Ponte Rio – Niterói, na contemporaneidade do antes e do depois.

Tal fato até seria cômico, se não fosse trágico.

Enquanto Agenda 21, se tratando de preservação da vida no planeta, nos resta aclamar que se torne público, e, em linguagem clara, todo o processo de legalidade de tão vultoso investimento na cidade de Itaboraí e demais empreendimentos subseqüentes, como no caso, o ainda em projeto, Emissário Terrestre e Submarino do Comperj. E, paralelamente, as estruturas necessárias, que possa assegurar o mínimo de riscos, principalmente à população em maior proximidade.

Preocupa-nos ainda mais, o silêncio do povo Itaboraiense diante de medonhos acontecimentos, como se num ato profético, assemelhando-se ao silêncio dos familiares das vítimas dos prédios desmoronados no Centro do Rio de Janeiro, diante de uma catástrofe; abrigados pela Câmara Municipal.

Que a pedra fundamental, que na ocasião do início das obras do Comperj o presidente Lula profetizou como sinal de progresso, seja o alicerce responsável por muitas novas vidas unidas às já existentes na cidade de Itaboraí, e, não venham se transformar em pedras de escombros e de tristezas.

Por Ivone Chaves

Coordenadora Geral

Fórum da Agenda 21 de Itaboraí.


Read more: http://agenda21itaboraioficial.blogspot.com/2012/01/fatos-contemporaneos-do-emissario-do.html#ixzz1l31JRVoi

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

RECADO PÚBLICO: DUTO DO COMPERJ, NÃO!

Relato e desabafo de uma militante socioambiental, que também já foi diretora do Parque Estadual da Serra da Tiririca, sobre a primeira audiência pública sobre o emissário terrestre-submarino do Comperj.



Por: Laura França*



Por unanimidade, o recado foi dado na Audiência Pública do “Projeto do Emissário Terrestre e Submarino do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro”: - Fora, duto do COMPERJ!



A sociedade civil, em pleno exercício de cidadania, cumpriu seu papel e registrou na história do município de Maricá: - 24 de janeiro de 2012 – o dia do Não! Dia em que seus cidadãos se reuniram e viraram a mesa na Audiência Pública, aquele já conhecido e desconsiderado rito de passagem, passe-livre para os megaempreendimentos poluidores, usurpadores de referências ambientais e culturais.



Em total cumplicidade, o poder público, aliado ao poder econômico, representado pelo INEA/CECA – órgão ambiental licenciador, assumiu o papel de mestre de cerimônia e apresentou seus atores, todos a serviço da liberação da absurda licença. A mesa da “festa” foi montada com pompa de corte, decorada com arranjos de flores mortas, impróprias! Os componentes, integrantes das equipes de consultores, da Petrobras e do INEA, identificados com pulseiras azuis, impróprias! Suas atitudes e discursos os identificavam, impróprios!



Em alta performance, experiente na função, o Presidente da CECA se apresentou ao público, destacando seu papel oficial, com a missão de receber as observações da plateia, “porque uma audiência pública não cancela o licenciamento, mas agrega recomendações ao processo”. Destacou, ainda, que seriam aceitas perguntas por escrito e que o uso da palavra estaria garantido aos (14) participantes já inscritos, via internet, de acordo com normas do CONEMA (Conselho Estadual do Meio Ambiente).



Assim, foi dada a largada para as questões de ordem: “Vale o escrito? Não é isso o que está escrito no papel que descreve as “Normas de procedimentos para Audiência Pública”, assinado pelo INEA e distribuído na pasta da Petrobras”, alerta o militante, Fernando Tinoco, também experiente, lendo o item 4: - "o Presidente declarará aberta a primeira fase da Audiência Pública, assim como aberto o prazo para a apresentação de perguntas escritas e inscrições para o uso da palavra durante os debates..."



Diante disso, recuou o presidente da mesa e liberou o microfone, tempos depois de submeter à plateia, inclusive, ao relato dos projetos sociais da empresa, dedicados aos municípios afetados, como “uma grande oportunidade de promover o desenvolvimento da região do entorno”.



Tempo perdido com tanto bla-bla-bla, pura propaganda enganosa, também imprópria! Além disso tudo, o foco fundamental está na outra questão da fala do presidente, sobre o papel da Audiência Pública: –“não cancela, mas agrega contribuições”. Segundo o item 6 das – Normas de procedimentos para Audiência Pública: “... ocasião em que apresentará explicação sobre o licenciamento ambiental, a ausência até o momento de decisão sobre a expedição da licença ambiental ao empreendimento, o caráter consultivo e os possíveis desdobramentos da Audiência Pública e o termo final do período de análise e decisão sobre a licença, o qual também levará em conta o que for apresentado na Audiência Pública e no período seguinte de oferecimento de comentários suplementares”. Vale o escrito?



Assim, como bem observou uma participante, simples dona de casa: – Registrem bem o resultado da Audiência: “O povo de Maricá disse não ao duto!” E outra completou: “Nossa casa, nossa regra!” Vale o registro? Ponto final. – A resistência, em Maricá, existe e está atuante como nunca, organizando seus movimentos e atuando em várias frentes em defesa dos ambientes naturais e culturais, como os pescadores tradicionais da comunidade Zacarias e os grupos em defesa das lagunas e restinga, como bem destacaram Flávia Lanari, representante da APALMA, e a Professora Desiré Guinchard, da Associação Pró-restinga.



Como os donos do poder tanto gostam de destacar, também houve fartura de argumentos técnico-científicos contrários ao emissário, muito bem estudados e apontados pelos participantes, também embasados em pareceres dos meios acadêmicos. Dentre os muitos aspectos negativos do EIA, destaco o flagrante desrespeito à APA de Maricá e ao Parque Estadual da Serra da Tiririca - PESET, Unidade de Conservação administrada pelo próprio órgão licenciador, o INEA.



A mesma mão que deve proteger licencia sua contaminação! Pasmem!A área marinha do PESET, demarcada entre a Pedra do Elefante e o Costão de Itacoatiara, na Enseada do Bananal e entorno, (onde há ocorrência de vórtices), será alvo da pluma dos efluentes contaminantes: cianetos, fenóis, óleos e graxas... (toda a tabela periódica). Biodiversidade ignorada, biodiversidade perdida! Pesca artesanal de Itaipu e Maricá também em extinção!



Diante de tal ameaça, concreta, o Conselho Consultivo do PESET, integrado por representantes da sociedade civil, criou um Grupo de Trabalho dedicado a analisar o Estudo de Impacto Ambiental, ao longo do último ano. O Coordenador do GT, o ecologista Cássio Garcez, apresentou na Audiência as principais questões (apresentado a seguir a este texto) que levaram à total desqualificação do EIA.



Essa Audiência Pública deve se tornar um marco. O marco zero para o INEA rever sua postura ética e a política pública ambiental que implementa no Estado do Rio de Janeiro. Se é que se pode considerar a existência de algum planejamento ambiental nesse governo, que esteja acima e além das politicagens partidárias.



Exemplo claro? A inexistência de um eficaz plano de contingência, falha revelada diante do último acidente ocorrido na bacia de exploração de petróleo no litoral de Campos. Imagens fortes: mancha de óleo de enormes dimensões se estendendo pelo mar aberto. E o monitoramento? E as consequências? Quem sabe? E o pagamento das multas? Quem recebe? E as nefastas medidas compensatórias? O crime não compensa! A biodiversidade perdeu!



*Jornalista, Pós-graduada em Planejamento Ambiental-UFF, ex-integrante do Movimento Cidadania Ecológica, ex-Administradora do PESET (1993 a 1996), integrante do GT-Duto do Comperj.





Plenária lotada com pessoas e grupos indignados com o projeto do emissário do Comperj. Foto: Cássio Garcez.

Maricaenses repudiam emissário do Comperj

Moradores de Maricá e outros atores sociais presentes na Primeira Audiência Pública sobre o emissário terrestre/submarino do Comperj, realizada no último dia 24, em Inoã, repudiaram de forma unânime e apaixonada este projeto que viza a despejar toneladas de efluentes industriais na Praia de Itaipuaçu.

Estamos elaborando um texto mais completo para noticiar como foi esta tumultuada audiência. Mas, aproveitamos para adiantar o discurso deste blogueiro, que participou do evento como secretário do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca e presidente do Grupo de Trabalho Duto do Comperj.

Eis o discurso: 

"Boa noite senhoras e senhores. Embora eu quisesse falar sobre o emissário (ou duto) do Comperj como ecologista, amante da natureza e guia ecológico que sou, me restringirei às minhas posições institucionais de secretário do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset) e de presidente do grupo de trabalho (GT) sobre o duto. Importante destacar que representamos a sociedade civil, ou seja, não somos “chapa branca”.



Em um ano de estudos do GT, descobrimos falhas graves (1) na concepção do projeto do duto, (2) no seu EIA/RIMA e (3) em alguns comportamentos adotados por equipes de comunicação social do Comperj e de representante do setor de licenciamento do Inea.



A lista de irregularidades é tão extensa que não seria possível lê-la aqui. Por isso, falarei apenas dos problemas mais urgentes, protocolando os outros em documento, além de meu discurso e Ata do Conselho onde foram debatidos alguns destes pontos.



Nós do GT, chegamos à conclusão de que a concepção atual do projeto do emissário é totalmente equivocada e inaceitável, devido aos enormes impactos que causaria ao local de descarte, mesmo com o tratamento de seus efluentes e a alegação de que eles estariam dentro dos parâmetros legais. Isso porque, basicamente, as substâncias descartadas, “a totalidade da tabela periódica” segundo técnico do Inea, possuem características conservativas e cumulativas, ou seja, se manteriam no ambiente por longo tempo. Da mesma forma, também a área marinha do Peset seria atingida por tais impactos.



Sobre o segundo eixo de problemas, descobrimos muitos erros no EIA/RIMA, indicando ser este de baixa qualidade, além de inconclusivo. Fora isso, a CEPEMAR, autora do documento, possui um extenso currículo de EIAS/RIMAS controversos, entre eles o do emblemático gasoduto do Rio Purus, na Amazônia.



No terceiro rol de problemas, recebemos denúncia de que equipes do Comperj estariam repassando informações falsas sobre o duto a pescadores da Rua 70. Uma dessas informações seria a de que o emissário descartará “água de refrigeração”, sem qualquer potencial poluidor. Da mesma forma, identificamos uma postura aparentemente complacente do setor de licenciamento do Inea ao EIA/RIMA em respostas a uma sabatina do GT sobre este documento. Consideramos que ambas as denúncias são graves e deverão ser averiguadas tanto pela Petrobras, quanto pelo Inea e o próprio Ministério Público. Igualmente os problemas citados anteriormente e aqueles relacionados no documento a ser protocolado, precisarão ser devidamente esclarecidos e corrigidos.



Por fim, o GT elaborou e o Conselho Consultivo do Peset aprovou por unanimidade três alternativas ao atual projeto do duto. A prioritária é a de descarte zero de efluentes, tecnologia já adotada pela própria Petrobras na Refinaria de Capuava (Recap), em São Paulo. Assim, propomos que o Inea exija ao Comperj a adoção do reuso e da depuração totais de seus efluentes, o que evitaria, desta forma, o verdadeiro estupro socioambiental que o emissário terrestre/submarino ocasionará a Maricá, caso o seu atual projeto não seja devidamente alterado.



Solicitamos, ainda, a realização de pelo menos mais três audiências públicas sobre o emissário, em Maricá.



Obrigado".

Cássio Garcez


ADENDOS DO GT AO DISCURSO:

1. BREVE APRESENTAÇÃO DO GT

Grupo de trabalho criado pelo Conselho Consultivo do Peset em reunião ordinária deste coletivo, no início de 2011. É constituído por organizações da sociedade civil e tem como objetivo identificar, estudar e propor alternativas às ameaças ligadas ao projeto do Emissário Terrestre/Submarino do Comperj, seja em relação à área do Peset e sua zona de amortecimento, seja referente a áreas de valor socioambiental próximas.



2. RELAÇÃO SINTÉTICA DAS ANÁLISES CRÍTICAS DO GT EM RELAÇÃO AO DUTO DO COMPERJ

2.1. obra inaceitável para um local tão importante do ponto de vista ambiental (ecossistemas, vida marinha), social (pesca, moradia, lazer), turístico (ecoturismo, turismo náutico, turismo subaquático, surfe) e econômico (comércio, pousadas, restaurantes, empreendimentos imobiliários) quanto o litoral de Maricá, devido aos impactos que trará mesmo com seus efluentes tratados e ainda que os níveis de contaminantes estejam respaldados por legislação pertinente;



2.2. desrespeito aos limites de uma unidade de conservação de proteção integral (o Peset) e de sua zona de amortecimento, por conseguinte, de uma lei federal (o SNUC). Isso pode ser constatado em mapa esquemático do próprio EIA/RIMA (Figura 10.1.2.11-12 do Diagnóstico Ambiental, p. 278), onde a pluma de efluentes, ainda que em baixa diluição, ocupa quase por inteiro a área marinha do Peset em determinada época do ano, além da instalação do duto estar prevista para um trecho de 5 km terrestres da zona de amortecimento provisória desta unidade de conservação;



2.3. fortes indícios de desconhecimento tanto da CEPEMAR, quanto da Petrobras e do Inea sobre os impactos de cada elemento e substâncias componentes a ser descartados pelo duto na biota marinha, terrestre e para a saúde humana;



2.4. negligência das instituições citadas no que se refere à importância do efeito cumulativo e conservativo dos contaminantes sobre a área de descarte. Em sentido inverso, ênfase das mesmas na diluição a ser proporcionada pelas correntes oceânicas aos efluentes;



2.5. EIA/RIMA falho, incompleto e inconclusivo, com lacunas de informação graves, métodos de coleta e interpretação de dados insuficientes e resultados questionáveis em diversos trechos destes documentos;



2.6. a empresa responsável pela confecção do EIA/RIMA do duto, a CEPEMAR, possui um extenso currículo de EIAS/RIMAS de baixa qualidade, os quais são emblemáticos aqueles do gasoduto do Rio Purus, na Amazônia, da Veracel Celulose e do Estaleiro Jurong, estes localizados na Bahia. No primeiro, o WWF classifica o documento como “fraco”, cobrando a realização de novo EIA/RIMA por outra instituição (vide: os artigos “A floresta vai entrar pelo cano” e “Cepemar na Bahia também é criticado”, disponíveis respectivamente em http://philip.inpa.gov.br/publ_livres/Press/2002/A%20Floresta%20vai%20Entrar%20Pelo%20Cano-Cartacapital-2002.pdf e http://onggamba.wordpress.com/2011/08/-1/cepemar-na-bahia-tambem-e-criticado-na-sociedade/);



2.7. contaminação de toda a cadeia alimentar e afugentamento de espécies como baleias e golfinhos, entre outras, o que prejudicará atividades econômicas importantes para a área (pesca, lazer, turismo, etc.);



2.8. destruição de pelo menos uma nascente localizada no traçado do duto em Marica (logo acima do ponto de intercessão 5 do duto com o Córrego São Tomé, no Mapa de Recursos Hídricos, Anexo 09) , além de risco de vazamento e dispersão de efluentes em áreas úmidas, canais, rios e áreas ocupadas por populações humanas;



2.9. alta probabilidade de ocorrência de rompimentos do duto na transição entre a parte terrestre e marinha do mesmo, devido ao fato da Praia de Itaipuaçu ser considerada de "alta energia";



2.10. suposta complacência do Inea em relação ao EIA/RIMA, suposição esta observada em algumas respostas ao questionário enviado ao setor de licenciamento deste órgão pelo GT;



2.11. indícios de distorção de informações passadas por equipes técnicas do Comperj a atores sociais sobre o duto, como pescadores e outros, fazendo-os crer que os impactos do empreendimento seriam bem menores do que a realidade. Possível e criminosa forma de atenuar antagonismos e conflitos com esta metodologia. Incluímos em anexo, CD com vídeo de depoimento de pescador a esse respeito;



2.12. priorização pelo empreendedor de uma tecnologia que, embora esteja dentro de parâmetros legais, ou seja, o lançamento de efluentes industriais tratados no meio marinho através de um duto, já se encontra ultrapassada e continua a ser indesejável e nociva. A própria Petrobras domina a tecnologia de descarte 100% limpo e reúso total de efluentes, presente em uma de suas unidades petroquímicas, a Refinaria de Capuava, em São Paulo. Assim, o GT e o Conselho Consultivo do Peset propõem que esta tecnologia seja aplicada ao Comperj de forma prioritária, ao invés do emissário. Acreditamos que isso resolveria grande parte dos problemas citados.



3. ALTERNATIVA PRIORITÁRIA SEGUNDO O GT

Em reunião ordinária do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca, conforme ATA que será protocolizada nesta audiência juntamente com lista de presença de seus membros e de publicação no Diário Oficial onde foi lavrada a legitimidade daquele coletivo de instituições da sociedade civil organizada, a plenária por unanimidade propôs a seguinte alternativa prioritária ao problemático projeto atual do Duto do Comperj, reforçando o que é preconizado no parágrafo anterior: “exigência de estudos para se estabelecer outras formas de destinação dos efluentes que não o descarte no mar ou em rios”. Ou seja, reitera-se a proposta do reuso total de efluentes e de descarte 100% limpo ao Comperj.





segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

É AMANHÃ A AUDIÊNCIA PÚBLICA DO EMISSÁRIO DO COMPERJ EM MARICÁ

Não deixe de ir à Audiência Pública do Emissário do Comperj em Maricá, marcada para amanhã,
 24/01/12. A mesma será às 19:00 horas, no CIEP BRIZOLÃO 391 – PROFESSOR ROBSON MENDONÇA LÔU, situado no leito da Estrada de Ferro, nº 05, Inoã, Município de Maricá. O local é de fácil acesso tanto a quem vai de carro quanto de ônibus.

No dia seguinte, 25/01/12, às 19:00 horas, a audiência será em Itaboraí, no CIEP 129 – PROFESSOR JOSÉ MARIA NANCI, situado na Av. Flávio Vasconcelos, s/nº, Venda das Pedras.

Participe e deixe o seu recado! Fora duto do Comperj!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

AUDIÊNCIA PÚBLICA DO EMISSÁRIO DO COMPERJ

A Ceca (Comissão Estadual de Controle Ambiental) marcou duas Audiências Públicas para apresentação do Rima (Relatório de Impacto Ambiental) do Emissário Terrestre/submarino do Comperj, ainda este mês.

Assim, convidamos a todos os que não aceitam que o litoral de Maricá vire destino de toneladas diárias de esgoto petroquímico (que, mesmo tratado e diluído pelas correntes marinhas, continuará CONTAMINANDO praias, ecossistemas marinhos e o pescado) que compareçam e demonstrem sua indignação. Veja abaixo os dias, horários e locais.

 24/01/12, às 19:00 horas, no CIEP BRIZOLÃO 391 – PROFESSOR ROBSON MENDONÇA LÔU, situado no leito da Estrada de Ferro, nº 05, Inoã, Município de Maricá.

25/01/12, às 19:00 horas, no CIEP 129 – PROFESSOR JOSÉ MARIA NANCI, situado na Av. Flávio Vasconcelos, s/nº, Venda das Pedras, Município de Itaboraí.