quinta-feira, 11 de outubro de 2012

PETROBRAS COM LICENÇA PARA MATAR! PETRÓLEO DO BRASIL PARA DEGRADAR O MAR


Artigo de uma indignada ambientalista, contra os mandos e desmandos de uma empresa que deveria ser - e mentirosamente se gaba ser - uma referência em respeito ao meio ambiente.


Matéria publicada na Revista Época, com base em investigação da Polícia Federal, concluída em 6/9/2012, aponta descaso e abuso da PETROBRAS, além da conivência dos órgãos públicos de controle ambiental. A ação restrita, a princípio, à Reduc, revelou muito mais do que a degradação causada pelo descarte de óleo da refinaria no rio Iguaçu (30/8/2011) – contribuinte da Baía de Guanabara: “- Óleo novinho, misturado a dezenas de poluentes, era lançado ao rio durante a vistoria dos fiscais. Vazava dos dutos da estação de tratamento de detritos. Em vez de limpar, a estação sujava. Como escreveram os investigadores, “parecia um filme de terror”. A investigação revelou a negligência da Petrobras em relação ao descarte do subproduto da extração do petróleo, denominado ‘água negra’. Com alto potencial poluidor – “Havia níveis de óleo, graxas e fenóis “muito acima” dos limites legais” – os dejetos petroquímicos contaminaram o rio, o manguezal e toda a vida marinha da Baía da Guanabara. Na época, o INEA multou a empresa em cerca de 3 milhões de reais e fez acordo para a construção de uma nova estação de tratamento da refinaria – até 2017. Mas, depois do acordo, a Polícia Federal constatou que os poluentes (óleos, graxas, fenóis, nitrogênio amoniacal) continuaram a ser despejados no rio Iguaçu, apesar da versão oficial de que a água negra segue para o Terminal da Ilha D’Água. Do terminal a ‘água negra’ é bombeada para os tanques de cargas dos navios que jogarão os poluentes em alto mar, chegando a descartar 546.000 metros cúbicos (218 piscinas olímpicas) no ano passado. “Não há respaldo legal na legislação ambiental brasileira que permita o descarte de água de produção, mesmo que após tratamento, em áreas oceânicas afastadas da costa através de navios.”

A ação da Polícia Federal revelou muito mais ainda: o despejo negligente da ‘água negra’, água de produção da Petrobras – subproduto da prospecção de Petróleo, não se limita à Reduc. Essa prática é constante nas plataformas de petróleo que operam em todo o nosso litoral. A Petrobras afirma enviar apenas 1% dessa ‘água negra’ a terminais em terra: Ilha Grande e Cabiúnas, onde deveria ser retirada a maior quantidade possível da água negra misturada ao óleo extraído das plataformas, reduzindo assim o custo de produção e gerando maior lucro. Apesar disso, nada é tratado nesses terminais, simplesmente porque não há estação de tratamento! A única que existia em Ilha Grande foi desativada por ter ficado obsoleta, segundo o gerente da Petrobras. E os 99% que nem mesmo são enviados para os terminais? 99% de cargas ao mar, que o mar engole: “A lista das substâncias parece uma viagem à tabela periódica. Estão lá metais como: bário, berílio, cádmio, cobre, ferro, além de elementos radioativos”.

O delegado da Polícia Federal, Fábio Scliar, chefe da Divisão de Crimes Ambientais no Rio de Janeiro, em seu relatório enviado ao Ministério Público Federal, há dois meses, concluiu que não há fiscalização, tendo em vista que o IBAMA alega que, para fiscalizar todas as plataformas do Brasil, tem apenas 20 funcionários e que eles não têm acesso à ‘água negra’ da Petrobras, além de não contarem com instrumentos de avaliação dos produtos poluidores. A própria Petrobras contrata laboratório independente para fazer isso. PASMEM!

Já a Agência Nacional de Petróleo (ANP) encaminhou ofício à PF, afirmando não ter nada a ver com essa questão. PASMEM!
“Uma funcionária do Ibama reconheceu que o governo não fiscaliza a Petrobras, embora conceda licenças ambientais para suas operações. Disse que o Ibama “atua apenas nos casos emergenciais de derramamento de petróleo”. “Isso é muito grave”, diz Scliar. “O Ibama não tem condições de fiscalizar: não tem helicóptero, não tem peritos, nada. Então, a Petrobras paga a alguém para fiscalizá-la? Como garantir que esse trabalho seja feito com a lisura necessária?” – PASMEM!

A matéria da revista Época destaca também a influência da Petrobras sobre a legislação referente ao descarte de poluentes, definida pelo CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, composto por representantes de órgãos federais, estaduais e municipais, além do setor empresarial e da sociedade civil. Apesar de a tendência mundial ser a busca do descarte zero, o acordo fechou em 29 miligramas por litro o nível médio de óleo e graxas presentes na água negra despejada no mar, concordando  com a Petrobras, que havia sugerido 30 miligramas. Apenas 1 miligrama aquém do ‘sugerido’ pela poderosa PETROBRAS. PASMEM!

Se não bastasse tudo isso, vale o alerta final: O COMPERJ está totalmente licenciado pelo INEA. Com licença para descartar seus efluentes petroquímicos via emissário submarino diretamente no mar de Itaipuaçu, contaminando também todas as praias da região oceânica de Maricá e Niterói. Assim, o Governo Estadual licencia a degradação e coloca em risco de extinção toda a biodiversidade marinha e a diversidade cultural da região e do Parque Estadual da Serra da Tiririca. Vale destacar que o INEA é o órgão gestor desta Unidade de Conservação. A mesma mão que deve preservar é a que concede a licença para a PETROBRAS degradar. PASMEM!

É simples assim:
A PODEROSA PETROBRAS manda!
Os governos – federal – estadual – municipal – cumprem!
No Estado do Rio de Janeiro: Disque Minc/PT para degradar.
 PASMEM!

        Mar limpo para todos!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Apresentação sobre o Emissário do Comperj na Firjan não convence


Luiz Firmino, presidente da CECA (Comissão Estadual de Controle Ambiental), discursa na Plenária do Comitê da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara e dos Sistemas Lagunares de Maricá e Jacarepaguá sobre os efluentes do emissário do Comperj, na Firjan. Tal empreendimento, que visa a transportar esgoto petroquímico e a descartá-lo no litoral de Maricá, foi controversamente licenciado por aquele órgão há algumas semanas.

Embora em sua fala Firmino reconheça o risco maior trazido por algumas substâncias a serem descartadas na Praia de Itaipuaçu - como os sulfetos e os cianetos (ou cianureto, como este é mais conhecido) -, relata uma suposta inocuidade das mesmas, seja devido às exigências de níveis mais rigorosos de tratamento pelo Inea ao empreendedor (Petrobras), seja pelo prolongamento da distância do dispersor do emissário de 2 km para 4 km. Também informa que a tecnologia utilizada para descarte é a mais sofisticada existente para refinarias.

No entanto, quem vem acompanhando o noticiário especializado, além dos questionamentos da sociedade civil organizada e de técnicos independentes, constata que o palestrante focou apenas no viés mais palatável desse grande presente de grego que é o emissário do Comperj.

Assim, ele esqueceu de dizer que serão descartadas toneladas diárias dessas substâncias, muitas das quais de características conservativas (ou seja, que se mantém no meio ambiente e na cadeia alimentar por tempo indeterminado) e cumulativas (quanto mais descarte, mais contaminação da água, do solo e dos animais oceânicos, mesmo com o tratamento mais rigoroso), segundo geoquímicos, biólogos e engenheiros sanitários.

Omitiu também que o ponto de descarte, localizado a uma distância duas vezes maior que a anterior, continuará a impactar com poluição petroquímica (apesar de tratada) a segunda maior produtividade pesqueira embarcada de Maricá, a dos pescadores artesanais da Rua 70, segundo dados da Fundação Prozee.

E, por fim, só para não prolongar o extenso rosário de contradições institucionais, Firmino também deixou de falar que a própria Petrobras tem uma tecnologia de descarte zero e de reúso total de efluentes (utilizada na Refinaria Capuava, como informa o texto disponível em: http://www.hotsitespetrobras.com.br/rao2008/i18n/pt/balanco-social-e-ambiental/meio-ambiente/estudo-de-caso.aspx). Tecnologia esta, ressalte-se, evidentemente mais sofisticada que as alternativas apresentadas no EIA/RIMA e que as próprias exigências mais rigorosas do Inea, mas curiosamente não apresentada naquele documento, como manda a lei. Trocando em miúdos: o licenciamento foi criminoso!

Ou seja, apesar de todo o esforço do competente servidor em seu discurso, de todas as exigências do Inea e da CECA, e do (irrisório) afastamento do dispersor em relação à praia, o projeto do emissário do Comperj em Maricá continua sendo inaceitável, já que continuará a colocar em sério risco o meio ambiente e os modos de vida das comunidades humanas afetadas. Igualmente é intragável o seu licenciamento, devido ao episódio da omissão criminosa de tecnologia mais avançada no EIA/RIMA e de outras falhas.

A decisão se o emissário sai ou não do papel agora é da Justiça, com a representação que foi ajuizada pela Associação de Preservação das Lagunas de Maricá no Ministério Público Estadual. As esperanças de quem mora na região e luta pela preservação de seu patrimônio socioambiental estão aí depositadas. Que prevaleça então o bom senso e a justiça de verdade. Esse é o nosso desejo.

Cássio Garcez

Veja o vídeo em: http://www.preserveassim.org/752/

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Audiência pública discute impactos socioambientais do Comperj


O Ministério Público Federal cumpre exemplarmente sua atribuição de defesa da ordem jurídica e do interesse social ao dar vez e voz em audiência pública a especialistas, gestores públicos e pescadores contrários ao Comperj.



Naquilo que foi apresentado em plenária, mais uma vez ficou óbvio o caráter vertical e amoral das ações da Petrobras e de setores do poder público na sua ânsia em implantar o megaempreendimento da forma mais econômica e rápida. Da mesma maneira, assim como nas duas outras audiências públicas que discutiram o emissário terrestre/submarino do Comperj, os cidadãos presentes nesta se posicionaram unanimemente contra o complexo petroquímico e seus impactos socioambientais.



Veja abaixo matéria da Assessoria de Comunicação Social da Procuradoria da República no Rio de Janeiro a esse respeito.



O Ministério Público Federal (MPF) realizou na última segunda (6) a audiência pública "Comperj: Debate sobre os seus impactos sociais e ambientais", que discutiu as possíveis falhas no cumprimento das condições pré-estabelecidas para a instalação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), assim como o andamento dos processos de licenciamento ambiental necessários para as obras. Mais de 200 pessoas compareceram à audiência, inclusive representantes da sociedade, do poder público e da Petrobras. A população teve a oportunidade de se manifestar sobre a instalação do Complexo e mostrou seu descontentamento com o projeto. O evento foi mediado pelo procurador da República em São Gonçalo Lauro Coelho Junior e organizado também pelas procuradoras regionais dos direitos do cidadão Gisele Porto e Aline Caixeta.



A primeira mesa da audiência contou com a presença do promotor de Justiça Tiago Gomes, do professor Mário Luiz Soares e de Alexandre Anderson, presidente da Associação Homens do Mar (Ahomar). O promotor afirmou que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro vai usar todos os mecanismos para assegurar que o projeto obedeça a legislação ambiental, e ressaltou a atuação integrada entre o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal.



Em seguida, o professor Mário Luiz, do Núcleo de Estudos em Manguezais da Uerj, questionou os critérios ambientais e sociais considerados para a escolha locacional do Comperj, destacando a incompatibilidade do empreendimento com o Plano de Gerenciamento Costeiro, com o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara e com o Plano Diretor de Recursos Hídricos da Baía de Guanabara. Ele afirmou que o Comperj atrairá novas indústrias e aumentará o fluxo migratório para uma região carente de infraestrutura, agravando problemas sociais já existentes, e que a localização do empreendimento irá afetar os manguezais, sistema marinho mais sensível a atividades de petróleo.



Já Alexandre Souza, da Ahomar, destacou a drástica redução das áreas de pesca na Baía de Guanabara, principalmente em função de diversos empreendimentos da Petrobras, e afirmou que estão sendo utilizados meios criminosos pelos empreendedores para manter os pescadores afastados da região. Ele também falou sobre a importância do rio Guaxindiba, na APA Guapimirim.



Na segunda mesa, Breno Herrera, chefe da APA Guapimirim, relatou os impactos ambientais do Comperj e demonstrou que o fracionamento do licenciamento dificultou a análise da viabilidade do empreendimento como um todo. Como impactos sociais indiretos, ele apontou o crescimento urbano descontrolado e a implantação de outras indústrias que são atraídas para a região.



Luiz Firmino, subsecretário de Estado do Ambiente que representou o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), afirmou que o licenciamento não teria sido feito de forma fragmentada. Ele falou ainda sobre a criação de uma unidade de conservação municipal, de forma a complementar o processo de reflorestamento da área, e relatou medidas adotadas pelo governo federal e estadual para promover o desenvolvimento sustentável do entorno do Comperj. Já Daniella Medeiros, gerente de Segurança, Meio Ambiente e Saúde do Comperj, apresentou todos os planos de monitoramento e gestão ambiental realizados pela Petrobras.



O procurador Lauro Coelho Junior solicitou que fosse esclarecida pela representante da Petrobras a natureza do contrato com a empresa Megatranz e o motivo da insistência no licenciamento da hidrovia no rio Guaxindiba, uma vez que já existem um píer e uma via especial de acesso para transporte de equipamentos do Comperj que contam com licença de instalação. Daniella Medeiros disse não ter a informação relativa à natureza contratual com a Megatranz.



Ao final da segunda mesa, a população pôde se manifestar e todas as intervenções feitas tiveram um tom de indignação perante o empreendimento. Andressa Caldas, da Plataforma Dhesca Brasil, afirmou que "a Petrobras se negou a travar um diálogo com os pescadores", e Gabriel da ONG Justiça Global ressaltou que "os pescadores estão sendo ameaçados e mortos". Renata, da Anistia Internacional no Brasil, afirmou ainda que "o desenvolvimento econômico está sendo feito às custas dos direitos humanos". Outras críticas foram feitas à localização do emissário submarino próximo à Região Oceânica de Niterói e aos problemas no entorno da área do Comperj.



A ATA da Audiência Pública pode ser acessada em: http://www.prrj.mpf.gov.br/arquivos_pdf/Ata_audiencia_COMPERJ.pdf.



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Audiência sobre Comperj reúne 200 no MP


Por: Emanuel Alencar (Blog Verde de O Globo)

A audiência pública que tratou do processo de licenciamento do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), no auditório do Ministério Público Federal (MPF), reuniu 200 pessoas e durou cerca de cinco horas. Houve uma avalanche de questionamentos à Petrobras, representada pela diretora de meio ambiente do Comperj Daniella Medeiros. Ela confirmou que a estatal planeja utilizar o Rio Guaxindiba para o transporte de peças do empreendimento por uma questão de "cronograma", mas não forneceu mais detalhes. A medida fere uma das condicionantes da licença prévia concedida em março de 2008: a inviolabilidade dos rios da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim.

O professor Mário Luiz Soares, coordenador do Núcleo de Estudos em Manguezais da Uerj, afirmou que a necessidade de dragagem do Guaxindiba para a passagem das embarcações traria impactos negativos à fauna do bosque de manguezal remanescente da Baía de Guanabara. A possibilidade está sendo avaliada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O parecer técnico deve ser dado até o início de setembro.

(Disponível em: http://oglobo.globo.com/blogs/blogverde/. Publicada em 6/8/2012)


sábado, 4 de agosto de 2012

LICENÇA PARA CONTAMINAR

 
CIANETO, FENÓIS, ÓLEOS, GRAXAS – toda a tabela periódica –  efluentes petroquímicos lançados ao mar de Itaipuaçu! O INEA concedeu a licença prévia (31/7/2012) para o emissário submarino, duto do COMPERJ. Cargas ao mar, que o mar engole(?). Crime ambiental com licença do governo, do secretário estadual do ambiente, Carlos Minc. Quem é Carlos Minc? Um ex-ambientalista que conquistou mandatos e mandatos com a bandeira da preservação dos ecossistemas. Hoje, condescendente e conivente com as práticas poluidoras, justificadas pelo desenvolvimento econômico a qualquer custo, escreve dessa maneira a história ambiental do nosso estado. Apenas esperou acabar o megaevento internacional, a Rio+20, por temer a superexposição, a vitrine! Marqueteiro de primeira, Minc  teme ser exposto como o licenciador, o coautor de mais esse crime ambiental. Sim, porque as praias da região oceânica de Niterói e Maricá já sofrem os efeitos de outra licença do Carlos Minc: o bota-fora da dragagem do canal do  Cunha e do porto do Rio, que despeja no mar da região toneladas diárias de lixo e lama contaminada por metal pesado.



Resultado? Biodiversidade marinha perdida. Estoque pesqueiro? Perdeu. Pescador artesanal?Perdeu. Movimento ambientalista? Perdeu.

Biodiversidade e Diversidade Cultural em total risco de extinção!



Absurdo: A Petrobras tinha tanta certeza da concessão da licença pelo INEA que, no dia 14/5/2012, – com o processo de licenciamento ainda em curso – promoveu a licitação para construção e montagem do duto/emissário submarino de efluentes do Comperj. Total desrespeito às instituições!





Mas seu lugar na história já está reservado, Carlos Minc. E nas urnas também. Aguarde o dia em que você também vai ouvir: – Perdeu, Carlos Minc. Perdeu!



Disque MINC para degradar! Disque MINC para poluir!



Laura França

Ambientalista

Ex-administradora do Parque Estadual da Serra da Tiririca

Membro do GT  Duto do Comperj*



SOS, Ministério Público -Mar Limpo para todos!





* O GT Duto foi criado em reunião ordinária do CCPESET, em 16 de fevereiro de 2011, conforme respectiva ATA. O mesmo vem estudando desde então os possíveis impactos que o emissário terrestre/submarino do Comperj poderá ocasionar na área marinha do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Peset), em sua zona de amortecimento e também em áreas de interesse social e ambiental adjacentes. Para isso, utiliza, como referencial metodológico, pesquisas multidisciplinares, tendo como base bibliografia acadêmica ou trabalhos científicos disponibilizados na rede mundial de computadores, consultas a especialistas de diversas áreas (como geoquímica e geologia) e entrevistas com atores sociais que poderão ser afetados pelo empreendimento, como pescadores e moradores da Praia de Itaipuaçu.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Petrobras obtém licença prévia para instalação de emissário do Comperj


Confirmando nossas suspeitas, passado um mês da Rio+20 o Inea praticamente assina embaixo do projeto original do emissário do Comperj, ao desprezar questionamentos da sociedade civil organizada e ao estabelecer condicionantes que mais parecem piada (como prolongar em apenas 2 km a parte submarina do emissário). Ou seja, o órgão ambiental estadual licencia uma obra licenciosa com uma naturalidade desconcertante. A esperança agora é o Ministério Público e algumas cartas na manga do movimento ambientalista.

Veja abaixo a notícia veiculada pelo Valor Econômico:

Por Rodrigo Polito

A Comissão Estadual de Controle Ambiental do Rio de Janeiro (Ceca) concedeu hoje a Licença Prévia (LP) à Petrobras para instalação de emissário terrestre e submarino de tratamento dos efluentes industriais do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

O documento contém aproximadamente 50 condicionantes. Entre as principais, estão o aumento da extensão do emissário na parte submarina; a alteração de padrão exigido da qualidade dos efluentes originados da estrutura com destino ao oceano; e investimento em saneamento ambiental na área terrestre do emissário.

Com relação à distância do emissário na parte submarina, a Ceca exigiu que a Petrobras dobre de dois para quatro quilômetros o tamanho da estrutura na parte marítima. Isso, na prática, reduz o risco que os efluentes lançados pelo emissário poluam a água próxima ao litoral. 

No caso da alteração de padrão sobre qualidade de efluentes, a Petrobras terá que rever projeto apresentado. Isso porque exige que a quantidade de sulfeto, principal resíduo entre os efluentes do Comperj, seja reduzida, de 1 miligrama por litro (conforme plano da Petrobras) para 0,3 miligrama por litro. 

No caso dos investimentos em saneamento básico, as áreas a serem beneficiadas são os municípios de Itaboraí e Maricá. No caso de Maricá, serão R$ 60 milhões em obras de saneamento básico; em Itaboraí, serão alocados R$ 100 milhões. A Petrobras terá três anos para realizar as obras de saneamento. Segundo o presidente em exercício do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Luiz Firmino, não existe uma previsão de quando será concedida a Licença de Instalação (LI). Mas ele explicou que, após a Petrobras apresentar o pedido de licença com a mudança do projeto, o órgão deverá levar de um a dois meses para conceder a LI. “O projeto em si não tem muitas mudanças. Existem apenas estas condicionantes. Mas a obra não pode começar sem fazer as condicionantes”, disse Firmino.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

MPF realiza audiência pública para discutir os impactos sociais e ambientais do COMPERJ


O evento será realizado no dia 6 de agosto na sede da Procuradoria da República no Rio de Janeiro. Sociedade civil terá direito a apenas dez inscrições para falar, com duração de cinco minutos cada. Representantes de instituições acadêmicas, associações civis e movimentos organizados convidados terão quinze minutos de voz cada.Veja o edital em http://www.prrj.mpf.gov.br/arquivos_pdf/EDITAL_DIGITALIZADO_ASSINADO.pdf. Abaixo vai o convite da Assessoria de Comunicação Social da Procuradoria da República no Rio de Janeiro:


O Ministério Público Federal (MPF) realiza no dia 6 de agosto a audiência pública “COMPERJ: Debate sobre os seus impactos sociais e ambientais”. O objetivo do evento é debater as possíveis falhas no cumprimento das condições pré-estabelecidas para a instalação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), assim como o andamento dos processos de licenciamento ambiental necessários para as obras. Dentre estas condições, está a inviolabilidade da Estação Ecológica da Guanabara e da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim - que ficam a 5 km do COMPERJ - quanto a instalação de dutos e circulação de embarcações destinadas ao transporte de material para o empreendimento.

A audiência pública é necessária por ser um instrumento participativo capaz de garantir a atuação conjunta dos órgãos envolvidos em fiscalizar a instalação do novo Complexo Petroquímico. Além disso, um parecer técnico elaborado pela 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF também sustenta a necessidade da união entre os órgãos de defesa ambiental responsáveis pelas unidades de conservação federais a fim de promover um maior controle sobre as etapas de licenciamento do COMPERJ e dos empreendimentos associados.

O evento foi convocado pelo procurador da República em São Gonçalo, Lauro Coelho Junior, responsável por inquéritos civis públicos relacionados ao COMPERJ, e pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/RJ), no exercício da atribuição de órgão de representação e no desenvolvimento dos trabalhos de articulação com as Procuradorias da República nos municípios do Rio de Janeiro.

Foram convidados para o evento representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e da Petrobras, que vão poder expor suas considerações sobre o assunto.

A audiência pública será de 13h30 às 18h30, no auditório da sede da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro, na Avenida Nilo Peçanha, nº 31, 6º andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ.




terça-feira, 17 de julho de 2012

Descoberto suposto depósito de dutos do emissário do Comperj



Ao averiguar denúncias anônimas, nós, do Fora Duto do Comperj, descobrimos um suposto depósito de dutos do ainda não licenciado emissário terrestre/submarino do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.

O mesmo situa-se no Loteamento Reserva Verde, em Itaipuaçu, na quadra localizada entre as ruas "R", "O" e Vinte e Sete, a 600m da Estrada de Itaipuaçu, defronte à face sul da Pedra de Itaocaia, conforme fotos e imagem de satélite a seguir. Sua localização exata é:  22°56'35.18"S de latitude e  42°57'4.49"O de longitude, segundo o Google Earth.

Embora não possamos afirmar com certeza que tal depósito pertença à Petrobras e integre a construção do emissário - já que não há qualquer placa informativa no local -, as três evidências abaixo indicam justamente isso. São elas:

  • presença frequente de funcionários e de caminhões da Petrobras no depósito, segundo os denunciantes;
  • material armazenado no local composto por dezenas de tubulações, montes de areia, brita e outros insumos de obra do porte de um emissário como o do Comperj;
  • proximidade do depósito ao traçado planejado no EIA/RIMA para o emissário.

Uma vez confirmadas nossas suspeitas, estará definitivamente caracterizado o desrespeito da Petrobras aos trâmites legais deste licenciamento, que se tornou mais flagrante com a abertura precoce da licitação para a construção do emissário (conforme denúncia do sítio eletrônico Barlavento & Sotavento, disponível em: http://barlaventoesotavento.wordpress.com/2012/05/11/3638/), em março deste ano.

Estamos anexando esta denúncia e suas fotos ao Procedimento Preparatório sobre o emissário do Comperj, que se encontra no Ministério Público Estadual, com o objetivo de corrigir tão escandalosa postura de desrespeito à lei e à ética por uma empresa que, pelo fato de ser pública, deveria portar-se justamente da forma oposta.




Imagem de satélite com a exata localização do suposto depósito de dutos do Comperj.



O depósito de dutos, com os tubulões e monte de brita.


Tubulões.


O depósito, com a Pedra de Inoã ao fundo.


Detalhe dos tubulões.
Fotos: Cássio Garcez




domingo, 10 de junho de 2012

Construção de duto do Comperj em Maricá é alvo de protestos


Matéria de ontem do Jornal O Globo, editoria Rio, revela uma série de incongruências e de contradições no discurso oficial da secretaria de estado do ambiente e da Petrobras, algumas das quais tomamos a liberdade de sublinhar e de contra-argumentar em seção anexa, ao final da reportagem. Leia e confira os métodos pouco éticos que autoridades estaduais e empresários daquela estatal de petróleo vem utilizando para entubar uma obra equivocada ao cidadão de Maricá e Niterói.

O Globo - RIO

Em análise pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a construção de um duto de rejeitos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) ligando a refinaria à Praia de Itaipuaçu, em Maricá, é alvo de protestos de ambientalistas, que entraram com uma ação no Ministério Público estadual. Na terça-feira, o promotor Luciano Mattos, da Promotoria de Tutela Coletiva de Niterói, juntou à ação um documento com três mil assinaturas. Os autores pedem o cancelamento do processo de licenciamento e novos estudos de impacto ambiental (EIA-Rima) para a obra, que está em fase final de licenciamento.

O principal ponto de discórdia entre ambientalistas de Maricá e Itaboraí é a proposta para que a tubulação — que vai despejar no mar efluentes químicos tratados — termine a 2km da praia. Há o temor de que os rejeitos lançados pelo duto, que terá aproximadamente 40km em seu trecho terrestre, poluam as praias e a área marinha do Parque estadual da Serra da Tiririca, administrado pelo Inea.

Por outro lado, a Petrobras garante que as condições de balneabilidade das praias não serão afetadas e ressalta que vai tratar todos os efluentes sanitários e industriais antes do despejo no mar [1].

Projeto original não previa emissário
Mesmo com o licenciamento ainda em curso, a Petrobras já abriu licitação para contratar a empresa responsável pela construção do emissário. Assinado pelo coordenador da comissão de licitação da estatal, Sérgio Shohati Watanab, o chamamento foi divulgado em 26 de março, dois meses depois da segunda audiência pública sobre o duto. O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, no entanto, reforçou que a licença ainda não foi concedida e que o traçado do emissário não está sequer definido [2]. A Petrobras não informou se a empresa já foi escolhida.
 Eles podem contratar quem bem entenderem. Mas quem dá a licença, quem define o percurso do emissário e os parâmetros de tratamento dos resíduos somos nós. E não está nada decidido — afirma Minc [3].

Duas audiências já foram realizadas para discutir o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do empreendimento. Representantes do Fórum da Agenda 21 de Maricá argumentam que o estudo apresentado pela estatal é impreciso ao detalhar os impactos ambientais da construção do duto.
— Estão empurrando a construção do emissário goela abaixo, sem que esclarecimentos importantes sejam prestados — critica Cássio Garcez, guia de ecoturismo que coordena o movimento Fora Duto. — Vai desembocar ao lado da colônia de pescadores? E mais: o EIA admite a possibilidade de ocorrer alteração na qualidade da água de Maricá. Mas não fornece mais detalhes.

Minc promete exigir que o duto despeje efluentes a uma distância “bem maior” do que a proposta pela estatal — sem entrar em detalhes — e garante que o pré-tratamento dos poluentes será “de 15 a 20 vezes” mais rigoroso do que a estabelecida pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) [4]. 
 Não existe impacto zero em nenhum país do mundo para este tipo de empreendimento [5].   O efluente da CSN vai para o Rio Paraíba do Sul; o das indústrias inglesas, para o Tâmisa. A saída é exigir padrões mais rigorosos — diz Minc.

Na proposta original da Petrobras alinhavada com o governo estadual em 2008, não constava a construção do emissário. A estatal iria tratar os efluentes e reutilizar a água na própria planta, num circuito fechado, lembra Axel Grael, engenheiro ambiental e ex-presidente da Feema:
— Na licença prévia do Comperj que concedemos em 2008, não havia projeto de construção de emissário. A ideia era fazer o reuso da água depois de tratada. O projeto mudou. Agora a empresa mobiliza muita gente, gasta dinheiro ao colocar um edital na rua. E se a licença não for concedida? [6].
A Petrobras informou, por e-mail, que os estudos de dispersão indicam que “não haverá alteração na qualidade da água na área marinha do Parque estadual da Serra da Tiririca” [7]. Disse ainda que, a partir do início da operação do emissário submarino, será efetivado um Plano de Monitoramento Marinho para “acompanhamento da qualidade da água nos campos próximo e afastado do difusor” [8]. A estatal, porém, não explicou o porquê de ter alterado o projeto original. A inauguração do Comperj está prevista para 2014. 



ANEXO
Contra-argumentos às alegações institucionais

Por: Cássio Garcez

[1] - O fato de a Petrobras não conhecer a totalidade da composição e das quantidades das substâncias a serem descartadas (já que apenas uma parte delas foi apresentada no EIA/RIMA do emissário), contradiz a primeira alegação de que a balneabilidade das praias não será afetada. Já na segunda, o tratamento dos efluentes não é garantia de que não haverá impactos ou de que estes serão "aceitáveis".

[2] - Embora realmente a licença não tenha sido ainda concedida, o traçado do emissário já está definido, conforme o próprio secretário (em depoimento ao Jornal O Globo-Niterói de 17/7/2011) e como mostram as marcações geodésicas instaladas no futuro caminho do duto, de Itaboraí até o litoral de Maricá.

[3] - A abertura de licitação para contratação de empresa para construção do emissário, além de escandalosa e ilegal, é também uma assunção de que o licenciamento estaria praticamente pronto, aguardando apenas o momento certo de ser anunciado (supõe-se, depois de passada a vitrine Rio+20). Contrariando Minc, a Petrobras não pode contratar quem ela bem entende, já que trata-se de uma empresa pública, gerida com dinheiro público, assim tão ou mais obrigada a seguir os trâmites legais quanto qualquer outra (do contrário, obviamente estará cometendo um crime, como parece ser o caso. O MPRJ está de posse de uma cópia de carta-convite da licitação, apensada à representação sobre o emissário no último dia 5, dia do meio ambiente). Sobre a segunda alegação, de que nada está decidido, realmente não se pode provar o contrário. Mas há rumores de fontes internas do próprio Inea que indicam justamente isto.

[4] - A distância "bem maior" a que se refere Minc, segundo informações não oficiais de técnicos do Inea, seria um acréscimo de 2 km do ponto de dispersão original dos efluentes, totalizando 4 km da Praia de Itaipuaçu e 2 km das Ilhas Maricás. E os parâmetros "mais rigorosos", ressalta-se, não teriam por si só o poder de garantir a manutenção da qualidade ambiental do local onde serão descartados os efluentes, já que a eficiência do monitoramento depende da rigorosa e competente fiscalização das autoridades ambientais. Algo que já não funciona a contento, como no exemplo do bota-fora de material de dragagem da Baía de Guanabara no litoral de Niterói, da alçada do INEA, onde desde o estudo de impacto ambiental, passando pelo desconhecimento da área de descarte, até a composição do material descartado são questionados pelo MP (segundo reportagem do Jornal O Globo-Niterói de 10/6/2012, disponível em: http://oglobo.globo.com/niteroi/poluicao-do-fundo-do-mar-em-niteroi-5154905)

[5] - Esta afirmação contradiz o que o próprio secretário de estado do ambiente vem alegando em várias reportagens, de que "não haverá impacto ambiental" com a construção do emissário em Maricá (Jornal O Globo-Niterói, de 17/7/2011). Haverá ou não haverá impacto, Minc? Com essa indefinição o Senhor está confundindo a população e atenuando artificialmente um problema que é grave, já que vai produzir impacto sim, mesmo com a maior dispersão proporcionada pelo mar aberto, o tratamento prévio do material a ser descartado e os parâmetros supostamente mais rigorosos para isso. Destacamos que a composição dos efluentes é de substâncias conservativas e cumulativas, ou seja, que permanecerão no meio ambiente por muito tempo prejudicando não apenas os organismos marinhos, mas todos aqueles que usam e dependem do mar para seu lazer, esporte ou sustento.

[6] - Corroborando o estranhamento de Grael, questiona-se: por quê, além de a Petrobras ter desistido de reusar 100% dos efluentes tratados do Comperj, também não incluiu esta alternativa no EIA/RIMA do emissário? É curioso destacar que tal tecnologia existe e é de domínio da própria empresa, que alardeia com muita pompa utilizá-la na Refinaria Capuava, como pode ser conferido na afirmação: "A Refinaria de Capuava (Recap), em Mauá, no estado de São Paulo, é a primeira planta da companhia com descarte zero de efluentes. Sua estação de reúso de água foi inaugurada em 2008 e permite que todo o efluente seja reaproveitado para fins industriais por outras empresas da região. Com isso, a captação de água do manancial de abastecimento é reduzida em 880 mil m³ por ano".  (disponível em: http://www.hotsitespetrobras.com.br/rao2008/i18n/pt/balanco-social-e-ambiental/meio-ambiente/estudo-de-caso.aspx). E, por outro lado, se não existe impacto zero, como alega Minc, então por quê esta empresa dá a entender o contrário na mesma afirmação? Propaganda enganosa da corporação que detém a marca institucional mais valiosa do Brasil?

[7] – Esta afirmação é falsa, tomando como base mapa constante do próprio EIA/RIMA do emissário (Figura 10.1.2.11-12 do Diagnóstico Ambiental, p. 278), onde, a pluma de efluentes, representada pela cor azul, ocupará grande parte da área marinha do Parque Estadual da Serra da Tiririca, no inverno. Embora numa diluição maior dos efluentes, é importante lembrar que a composição não totalmente conhecida das substâncias, aliada às suas propriedades cumulativas e conservativas, indicam que será certa a alteração não apenas da qualidade da água desta área, mas também de sua biota, o que estaria contrariando frontalmente os objetivos de uma unidade de conservação de proteção integral e diversas leis, como o SNUC.

[8] – Alguns dos planos de monitoramento da Petrobras, assim como a implementação de muitas das medidas compensatórias de seus empreendimentos, são de uma ineficiência exemplar, o que também não garante muita coisa. Por exemplo, nenhuma das quatro milhões de mudas prometidas para serem plantadas no entorno do Comperj tiveram ainda sua destinação compensatória.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Abaixo-assinados contra o emissário do Comperj são protocolados no MPRJ no dia do meio ambiente

Representantes da sociedade civil organizada (foto 1) protocolaram ontem, 5 de junho, dia internacional do meio ambiente, dois abaixo-assinados junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro, contendo aproximadamente três mil assinaturas de cidadãos e cidadãs que repudiam o projeto de construção do emissário terrestre/submarino do Comperj em Maricá.

A motivação principal desta mobilização está ligada aos riscos e aos prejuízos que as toneladas de esgoto petroquímico planejadas para serem descartadas na Praia de Itaipuaçu pelo emissário poderão trazer para os ecossistemas marinhos, os habitantes das cidades afetadas e os modos de vida que dependem da pesca, do lazer, da prática de esporte e do turismo na região.

Foto 1:  grupo no momento do protocolo dos abaixo-assinados junto ao MPRJ. Da esquerda para a direita, Miúdo (CCOB), Fernando Tinoco (ASSET), Renatinho (vereador do Psol), Stella Veiga (Ecoando, GT Duto) e Cássio Garcez (Ecoando/GT Duto). À retaguarda, servidores do MPRJ.

Além do posicionamento contrário ao empreendimento, os documentos também exigem das autoridades a suspensão do atual processo de licenciamento do emissário, a elaboração de outro EIA, a adoção de uma tecnologia menos impactante e mais avançada que a apresentada pela Petrobras e a realização de Audiência Pública em Niterói.

Tais abaixo-assinados foram elaborados por um conjunto de entidades representativas da sociedade civil, de moradores, de comunidades tradicionais e de pescadores artesanais, denominado "Fora Duto". São elas: Associação da Comunidade Tradicional da Duna Grande (ACODUNA), Associação de Preservação das Lagunas de Maricá (Apalma), Associação Livre de Pesca de Itaipu (Alpapi), Associação dos Sitiantes da Serra da Tiririca (ASSET), Conselho Comunitário da Orla da Baía (CCOB), Conselho Comunitário da Região Oceânica (CCRON), Ecoando,  Grupo de Trabalho Duto do Comperj (do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca), Mandato do vereador Renatinho e portal de meio ambiente Preserveassim. A versão virtual do documento ficou sediada neste sítio eletrônico, já a impressa foi repassada por diversos atores sociais e voluntários.

Em prosseguimento ao ato, o grupo se dirigiu também ao gabinete do prefeito de Niterói (foto 2), para protocolar ofício da Comissão de Direitos Humanos, da Criança, do Adolescente, do Idoso, da Mulher e da Pessoa com Deficiência cobrando um posicionamento mais efetivo do executivo municipal em relação ao mesmo emissário e também realização de Audiência Pública no município.

Foto 2: grupo protocolando ofício junto ao gabinete do prefeito de Niterói.
Assim, embora não houvesse muito o que comemorar no dia do meio ambiente, estas duas ações cidadãs contribuíram para que ele não passasse em brancas nuvens - ou em atividades no mais das vezes hipócritas de autoridades e de empresários, que se aproveitam do momento para dizer de pés juntos que preservam a natureza desde criancinhas, mesmo que a devastem sem a menor cerimônia.

Cássio Garcez

Obs.: o movimento contra o emissário é suprapartidário, o que justifica a presença do vereador Renatinho nas ações.

sábado, 12 de maio de 2012

Licitação para Emissário do COMPERJ sai antes do Licenciamento Ambiental

Se a Petrobras já vinha atropelando com maestria trâmites burocráticos, éticos e legais para entubar à força o emissário do Comperj, agora ela se superou. Lançou a licitação para construção do mesmo antes do licenciamento

Sim, é isso mesmo, caro leitor! Esta megacorporação e seus executivos não apenas demonstram se achar acima da legislação (e do bem e do mal), como fazem questão de deixar isso bem claro e de passar por cima de quem quer que seja com seu rolo compressor de interesses desenvolvimentistas, econômicos e políticos míopes. Ainda bem que existe o Ministério Público, o qual será notificado dessa palhaçada.

Quem quiser conferir esta notícia, a licitação está no blog da ambientalista Ana Paula Carvalho, Barlavento & Sotavento: http://barlaventoesotavento.wordpress.com/2012/05/11/3638/.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Petição ao MPE contra o emissário do Comperj e seu processo de licenciamento

Abaixo reproduzimos, na íntegra, a petição protocolada pela APALMA (representando o CCRON, o CONSELHO CONSULTIVO DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, o ECOANDO, o CLIP e a ASSET) junto ao Ministério Público Estadual, no dia 19 de abril, contra o projeto atual do emissário terrestre/submarino do Comperj e seu licenciamento. (É interessante lembrar que a data coincide não apenas com o Dia do Índio, mas também com o de Santo Expedito, aquele das causas impossíveis para os católicos...)

Quem quiser e puder contribuir com este documento através de depoimentos, pareceres, fotos,  abaixo-assinados, estudos, etc., basta comparecer ou ligar para o MPE (PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TUTELA COLETIVA DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE DE NITERÓI - Rua Visconde de Sepetiba, 935, 7º andar, Centro)    e pedir mais informações. O número da petição é: 2012.00500277.

Além de ser um direito de todo cidadão consciente, é também seu dever colaborar com este processo legal. E é muito mais simples e acessível do que se costuma imaginar. Então? Participe!



 EXCELENTÍSSIMO SENHOR LUCIANO MATTOS
PROMOTOR DE JUSTIÇA DA SEGUNDA PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE TUTELA COLETIVA DE NITERÓI




Ilustríssimo Senhor,


A ASSOCIAÇÃO DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL DAS LAGUNAS DE MARICÁ – APALMA - fundada em 23/02/1996, vem por intermédio de sua presidente, Flávia Lanari Coelho, com o devido acatamento perante Vossa Excelência, a fim pedir providências Institucionais deste Órgão Ministerial, com fulcro no artigo 129 e seguintes c/c artigo 225 e seguintes, todos da nossa Carta Magna, pelos motivos de fato e de direito que doravante passa a expor:

Douto Curador do Meio Ambiente:

A Associação subscritora desta petição, que tem como finalidade a defesa dos recursos hídricos, do meio ambiente, dos pescadores tradicionais e da Restinga de Maricá, que também atua como membro do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca e em seu Grupo de Trabalho Duto do Comperj (GTDC), além de representação no Comitê da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara e na instalação do Sub-Comitê de Maricá-Guarapina, ao se aprofundar com seus pares no estudo e análise do projeto do duto terrestre/emissário submarino do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (ETSCOMPERJ), empreendimento da Petrobras em Maricá, assim como na avaliação de seu licenciamento ambiental, viu-se na obrigação de requisitar a este Órgão Ministerial as devidas providências a fim de salvaguardar não apenas o meio ambiente deste e de outros municípios litorâneos próximos, mas também garantir a lisura do processo, assim como a observância da ética e o respeito à sociedade.

Dentre os argumentos que nos levaram a buscar a intervenção do Ministério Público, listamos a seguir aqueles os quais consideramos os principais, sem, no entanto desprezar a importância dos que não foram citados e que deverão ser alvo de pesquisa mais aprofundada:

- a irrisória distância do dispersor de efluentes petroquímicos (2 km na proposição original e 3,9 km na atual) de uma das praias mais valorizadas de Maricá para a recreação, o banho de mar, o esporte, o turismo, o empreendedorismo ligado ao litoral (bares, restaurantes, hotelaria, etc.) e a pesca – seja artesanal, esportiva, de lazer, profissional ou tradicional, da zona de amortecimento e da área marinha do Parque Estadual da Serra da Tiririca e das Ilhas Maricás (4 km na proposição original e 2,1 km na atual), importante criatório e refúgio de peixes, moluscos e crustáceos e reconhecida área pesqueira da região;

- os altos riscos de impacto socioambiental referentes ao efeito cumulativo e conservativo das substâncias que, mesmo rigorosamente tratadas e diluídas pelas correntes oceânicas, como defendem técnicos da CEPEMAR e do próprio INEA, continuarão a contaminar de forma incomensurável, contínua e incontrolável as áreas para onde forem levadas;

- a desconsideração dos limites de uma unidade de conservação de proteção integral (PESET), a área marinha integrante do Parque e de sua zona de amortecimento, e, por conseguinte, da Lei Federal Nº 9.985 (que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação)[1].

- os fortes indícios de desconhecimento, tanto da CEPEMAR, quanto da Petrobras e do INEA, sobre a composição e os impactos dos efluentes a serem descartados pelo emissário na biota marinha, terrestre e para a saúde humana;

- a negligência das instituições citadas no item anterior no que se refere à importância do efeito cumulativo e conservativo dos contaminantes sobre a área de descarte; e, em sentido inverso, ênfase das mesmas na diluição a ser proporcionada pelas correntes oceânicas aos efluentes;

- o efeito sinérgico em impactos ambientais da construção deste emissário de efluentes concomitante ao descarte de material de dragagem do Porto do Rio de Janeiro a poucos quilômetros dali, nas proximidades da Ilha Rasa, a um gasoduto e a um porto de proporções gigantescas, ambos estes em Jaconé e em fase de elaboração de projeto;

- o EIA/RIMA escandalosamente falho, incompleto e inconclusivo, com lacunas de informação graves, métodos de coleta e interpretação de dados insuficientes e resultados questionáveis em diversos trechos destes documentos;

- a carência de consulta a estudos acadêmicos sobre a biota das Ilhas Maricás e sobre a área marinha do Parque Estadual da Serra da Tiririca, além de coletas de dados insuficientes pela CEPEMAR sobre as mesmas;

- a carência de referências bibliográficas em diversos estudos do EIA;

- a desconsideração da Corrente das Malvinas e dos vórtices temporários no EIA/RIMA, frequentes em todo o litoral afetado, conforme pesquisas científicas e trabalhos acadêmicos, especialmente na área marinha do PESET. Esta corrente, é importante ressaltar, traz consigo, além da fauna marinha oriunda do extremo sul do planeta, como leões marinhos e pinguins, microorganismos marinhos que são a base da cadeia alimentar, sendo os mesmos extremamente suscetíveis a impactos como os que serão provocados pelos efluentes do emissário, o que trará consequências difíceis de serem estimadas para a ecologia marinha local, regional e mesmo internacional. Tais consequências, estariam, assim, ferindo o Princípio da Precaução;

- o fato de a empresa responsável pela confecção do EIA/RIMA do duto, a CEPEMAR, possuir um extenso currículo de EIAS/RIMAS de baixa qualidade[2], o que pode indicar uma suposta priorização do empreendedor, ao escolhê-la, pelo cumprimento de prazos da obra do que pela qualidade do estudo;

- a contaminação de toda a cadeia alimentar e o afugentamento de espécies como baleias e golfinhos, raias e tartarugas, lagostas e polvos, entre outras, o que prejudicará atividades econômicas importantes para a área (pesca, lazer, turismo, etc.);

- a existência de uma comunidade de pescadores artesanais, que utilizam a área de impacto direto do emissário, cujo nível de produtividade de pescado é o segundo maior do município de Maricá[3], perdendo apenas para a pesca praticada no sistema lagunar;

- a existência de uma comunidade de pescadores artesanais em Itaipu, área de entorno do PESET e que também poderá ser atingida pelos impactos negativos da instalação do emissário e assim contribuir para a extinção dessa prática centenária de pesca na região. Este fato representaria um dano cultural antropológico, além do ambiental, e um conseqüente descumprimento da lei municipal em vigor, tendo em vista que a pesca artesanal de Itaipu é patrimônio cultural imaterial do Município de Niterói, assim definida pela Lei Municipal 2874/2012;

- a destruição de pelo menos uma nascente localizada no traçado do duto, em Itaboraí (logo acima do ponto de intercessão 5 do duto com o Córrego São Tomé, no Mapa de Recursos Hídricos, Anexo 09), além do risco de vazamento e dispersão de efluentes em áreas úmidas, canais, rios e áreas ocupadas por populações humanas;

- a alta probabilidade de ocorrência de rompimentos do duto na transição entre a parte terrestre e marinha do mesmo, devido ao fato de a Praia de Itaipuaçu ser considerada de "alta energia", “susceptível à incidência frequente de ondas de tempestade com alto poder erosivo”;

- os indícios de distorção de informações repassadas por equipes técnicas do COMPERJ a atores sociais sobre o duto, como pescadores e outros, fazendo-os crer que os impactos do empreendimento seriam bem menores do que a realidade, conforme provas audiovisuais já protocoladas junto à Comissão Estadual de Controle Ambiental - CECA, no dia da referida audiência, e também anexadas a esta petição;

- as afirmações do ex-presidente da FEEMA, Sr. Axel Grael, que conduziu o licenciamento do COMPERJ quando dirigia o órgão, em 2007, sobre uma mudança inesperada dos planos da Petrobras no compromisso assumido com ele "de recircular o esgoto do polo petroquímico" (Jornal O Globo-Niterói, Coluna do Gilson Monteiro, 18/3/2012) e do "lançamento dos efluentes na Baía de Guanabara" e não em Maricá, como alternativa prioritária ao descarte (Jornal O Globo-Niterói, Coluna do Gilson Monteiro, 25/3/2012);

- a priorização pelo empreendedor de uma tecnologia que, embora possa estar dentro de parâmetros legais, como afirmam e garantem seus representantes, ou seja, o lançamento de efluentes industriais tratados no meio marinho através de um emissário, já se encontra ultrapassada e continua a ser indesejável e nociva;

- o fato de que a própria Petrobras domina tecnologia de descarte 100% limpo e reuso total de efluentes, presente em uma de suas unidades petroquímicas, a Refinaria de Capuava, em São Paulo, tecnologia essa superior à preconizada pelo atual projeto do emissário e curiosamente não citada no EIA/RIMA;

- a reunião ordinária do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra da Tiririca realizada em 19/8/2011, conforme ATA protocolizada na CECA e anexada a esta petição, onde a plenária, por unanimidade, propôs, como alternativa prioritária ao problemático projeto atual do emissário do COMPERJ, a “exigência de estudos para se estabelecer outras formas de destinação dos efluentes que não o descarte no mar ou em rios”;

- o fato de que o EIA negligencia problemas estruturais e acidentes registrados em outros empreendimentos do mesmo gênero no país, que deveriam servir de parâmetro comparativo, como o duto Cabiúnas, que teve interrompida sua operação pelo IBAMA, em face dos inúmeros problemas que afetavam, especialmente, o Parque Nacional de Jurubatiba (Macaé, Carapebus, Quissamã), no Estado do Rio de Janeiro;

- a não apresentação no EIA dos números de ictiofauna; assim como de estudos oceanográficos da plataforma interna e da ictiocenose, embora os dois últimos existam e sejam relevantes para a compreensão de uma série de variáveis;

- ao contrário do que foi mencionado no capítulo 12 do EIA, a Serra de Inoã encontra-se recoberta por densa vegetação remanescente de Mata Atlântica, com fauna e flora típicas, formando importante corredor ecológico com a Serra da Tiririca;

- o EIA não especifica os sítios históricos e arqueológicos existentes na área em questão;

- a carência do inventário da fauna e da flora dos locais por onde passará o duto;

- o levantamento socioeconômico do EIA encontra-se defasado;

- o mesmo estudo ignora o grande fluxo turístico no município, observado pelo IBGE/2000, que aponta 46% dos domicílios como uso ocasional, logo voltado para o turismo do tipo veraneio, no mesmo patamar dos municípios da Região dos Lagos;

- a pluma prevista, de 1.600 m a partir do ponto de dispersão, é subdimensionada ante as intensidades das correntes e da forte dinâmica costeira;

- o processo de licenciamento do empreendimento apresenta incorreções graves e episódios suspeitos, os quais devem ser rigorosamente investigados, tais como:

(1) prazo para consulta pública ao EIA/RIMA vigente durante as festas de fim de ano e período de férias, entre os anos de 2010 e 2011;
 (2) EIA/RIMA disponibilizado em plataforma digital extremamente pesada e de difícil acesso e consulta por atores sociais interessados, fator impeditivo para a divulgação via Internet;
 (3) realização de apenas duas Audiências Públicas (APs) sobre o empreendimento, uma em Maricá e outra em Itaboraí, não contemplando Niterói, município que poderá ser afetado pelos efluentes;
(4) liberação de verba de contrapartida do ETSCOMPERJ para Maricá, antes da conclusão do processo de licenciamento daquele;
(5) ausência de resposta do INEA e da CECA sobre os questionamentos protocolados por representantes da sociedade civil no período imediatamente posterior às APs.

Com base nos dados acima apresentados destacamos que o EIA/RIMA do ETSCOMPERJ é inconclusivo e incompetente por negligenciar alguns dos objetivos mais básicos desse tipo de documento. Assim, reafirmamos o pedido de providências na forma da lei, exigindo-se que os responsáveis devam:

(1) caracterizar os impactos ambientais que serão provocados pelo empreendimento; (2) demonstrar de forma ampla e integrada o ambiente que será afetado, proporcionando fácil compreensão à população;
 (3) apresentar todas as alternativas técnicas disponíveis para a consecução do empreendimento e;
(4) divulgar de forma efetivamente ampla e acessível à população as informações apresentadas no documento. Assim, considera-se necessária a confecção de outro EIA/RIMA, por empresa diversa da CEPEMAR, devido também à reconhecida incompetência técnica da mesma neste tipo de empreitada[4];

Constatados tantos equívocos em um processo público e diante de tantas falhas apontadas no referido EIA/RIMA, suplicamos a atenção deste colendo Ministério Público, para as considerações finais e recomendações:

- A insuficiência generalizada da metodologia e da bibliografia utilizadas pela CEPEMAR e a negligência às peculiaridades e características socioambientais, culturais e econômicas relevantes, entre outras faltas, denúncias e falhas graves, confrontam com a escolha do local para o lançamento de efluentes como sendo supostamente o mais adequado.

·        Considera-se que a opção ideal deva levar em consideração o respeito: às vulnerabilidades da área, aos limites da área marinha do PESET e da sua zona de amortecimento, à corrente da ressurgência (que alimenta com seus nutrientes vários pontos da costa), aos vórtices temporários tropicais (que possuem a potencialidade de espalhar os contaminantes por área muito maior do que a estimada pela CEPEMAR) e à riqueza socioambiental e cultural da área como um todo. Para isso, recomenda-se o uso da tecnologia de descarte zero (citada anteriormente) ou, na inviabilidade técnica desta, o prolongamento do emissário para além de 30 km da linha de praia, conforme estudos de especialistas no assunto.

- A omissão de uma tecnologia menos impactante e mais avançada que a apresentada pela CEPEMAR no atual EIA/RIMA do emissário, cujo domínio e operação são da própria Petrobras (Refinaria de Capuava, em São Paulo), é falha grave e corrobora as suspeitas de manipulação de informações por aquela.

·        Assim, recomenda-se que esta alternativa não apenas conste do novo EIA/RIMA, mas que seja priorizada frente às demais, devido aos menores impactos que serão ocasionados com a sua adoção;

- Diante das graves denúncias de irregularidades, falhas e suspeitas de manipulação, o processo de licenciamento do mesmo empreendimento perdeu desta forma, sua lisura e, por conseguinte, sua legitimidade.

·        Recomenda-se, pois, a sua imediata suspensão e a substituição por outro processo de licenciamento que siga rigorosamente a transparência e os protocolos legais, morais e éticos exigidos pela sociedade e o Estado de Direito;

- A ausência de Audiência Pública no município de Niterói, corrobora o tópico anterior, já que alijou este município e sua população de participar de um processo que é de seu total interesse e direito, ou seja, o conhecimento dos riscos potenciais à sua área e a possibilidade de se manifestar a esse respeito.

·        Desta forma, recomenda-se a realização de pelo menos um evento como este em tal município.



Nestes termos, pede deferimento.

Niterói, 19 de abril de 2012.

______________________
Flávia Lanari Coelho
Presidente




[1] Desconsideração esta flagrada no mapa esquemático do próprio EIA/RIMA (Figura 10.1.2.11-12 do Diagnóstico Ambiental, p. 278), onde a pluma de efluentes, ainda que em baixa diluição, ocupa quase por inteiro a área marinha do PESET no verão, além da instalação do duto estar prevista para um trecho de 5 km terrestres da zona de amortecimento provisória desta unidade de conservação. Vale destacar que o PESET é uma unidade de conservação de proteção integral administrada pelo próprio INEA e que o seu Plano de Manejo se encontra em fase de elaboração. Assim, por ainda não estarem concluídos os devidos estudos sobre sua área protegida, terrestre e marinha, e sua biodiversidade, considera-se que vale desta forma, o Princípio da Precaução: se há o risco do impacto, seja lá qual for, deve-se evitar a obra.
[2] A esse respeito, são emblemáticos os exemplos do gasoduto do Rio Purus, na Amazônia, da Veracel Celulose e do Estaleiro Jurong, estes localizados na Bahia. No primeiro, o WWF classifica o documento como “fraco”, cobrando a realização de novo EIA/RIMA por outra instituição (vide os artigos “A floresta vai entrar pelo cano” e “CEPEMAR na Bahia também é criticado”, disponíveis respectivamente em http://philip.inpa.gov.br/publ_livres/Press/2002/A%20Floresta%20vai%20Entrar%20Pelo%20Cano-Cartacapital-2002.pdf e http://onggamba.wordpress.com/2011/08/-1/cepemar-na-bahia-tambem-e-criticado-na-sociedade/).
[3] Conforme dados constantes no Relatório Técnico Parcial nº 4 do Projeto de Monitoramento de Desembarque Pesqueiro no Município de Maricá/RJ, nos Meses de Janeiro a Junho de 2011, de autoria da Fundação Prozee / OGX, publicado em agosto de 2011.
[4] A esse respeito, é oportuno lembrar que as lideranças máximas do setor ambiental federal e estadual, a Ministra Do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, e o Secretário de Estado Do Ambiente, Carlos Minc, assumiram publicamente em entrevistas (quando do acidente do vazamento da Chevron, na Bacia de Campos, em 2011), seu reconhecimento em relação à má qualidade de grande parte dos EIAs/RIMAs produzidos no Brasil. Este parece ser o caso do EIA/RIMA produzido pela Cepemar para o emissário.